Natália Araújo

Natália Araújo
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Na minha função de AAD (Auxiliar de Ação Direta) tenho trabalhado de forma próxima com utentes Migrantes o que me tem trazido novas experiências e desafios a nível pessoal e profissional.

Hoje venho falar-vos de um jovem de 30 anos, que acompanho desde Dezembro de 2017, que chegou a Portugal no âmbito do Programa de Reinstalação de Refugiados. É oriundo da Síria, país que se encontra em guerra desde 2011 e veio para Portugal sozinho, deixando toda a família para trás. Numa primeira fase do seu acolhimento viveu na Residência Universitária da Universidade do Minho e atualmente ocupa habitação individual T1. Inicialmente a situação trouxe vários desafios, desde a língua, a diferença cultural, todas as burocracias envolvidas no processo (SEF, Segurança Social, Finanças, aulas de Língua Portuguesa) e o modo como saber lidar com esta situação, tão diferente daquelas que diariamente acompanho, dadas as circunstâncias da mesma. Desde o início que estive implicada neste acompanhamento a vários níveis:

- Deslocação ao Centro de Emprego, Finanças e Segurança Social para proceder a devidas inscrições;

- Deslocações ao Centro de Saúde no sentido de realizar a inscrição e acompanhar a consultas médicas;

- Visitas domiciliárias no sentido de perceber a organização do espaço habitacional;

- Deslocações ao SEF, quer na loja do Cidadão, quer em Nogueira, fazer o levantamento de documentos;

- Deslocação ao CNAIM no Porto realizar testes biométricos e acompanhar a entrevista do fasin out (saída do Programa de Reinstalação);

Não foram só acompanhadas as questões burocráticas, mas essencialmente a integração do jovem. Foram realizadas diligências para que o mesmo aprendesse a língua Portuguesa e por isso frequentou um curso na Universidade do Minho. Integrou também o Ponto Vermelho como voluntário e foi inserido profissionalmente, onde permaneceu até final de Junho. Toda esta integração foi acompanhada, através de algumas visitas institucionais na empresa onde o mesmo trabalhou, que realizei em conjunto com a coordenadora, para conhecer o posto de trabalho e compreender como estaria a ser a sua adaptação laboral. Foram também realizadas diligências no sentido do mesmo obter o passe social para se puder deslocar para o posto de trabalho.

Todo este trabalho tem sido muito gratificante e faz-nos realmente pensar que a flexibilidade no nosso local de trabalho é uma mais valia para sairmos da nossa zona de conforto, termos diferentes perspetivas e crescermos pessoal e profissionalmente. Nos dias de hoje este jovem comunica cada vez melhor em Português e o grande desafio é que se consiga autonomizar em relação ao nosso acompanhamento. No entanto, precisa de um novo emprego e caso tenham conhecimento de oportunidades de trabalho, aguardamos o vosso contacto.

Natália Araújo | Auxiliar de Ação Direta do SAAS ( Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social)